segunda-feira, 17 de setembro de 2012

“Só vão me calar se me matarem”


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BRASIL – No dia 17 de setembro de 2009, há exatamente três anos, o presidente da APLB de Porto Seguro Álvaro Henrique e o secretário da entidade Erisney Pereira foram covardemente assassinados numa emboscada na zona rural do município.
No início de 2010, após investigação da Polícia Civil, coordenada pelo delegado Evy Paternostro, os promotores Dioneles Santana e João Alves pediram a prisão preventiva do então secretário de Governo do prefeito Gilberto Abade, Edésio Lima, e de três policiais, Sandoval dos Santos, o Sandoval; Geraldo de Almeida, o Caveirinha; e Joilson Barbosa Rodrigues, o Rodrigues, que trabalhavam como segurança particular do prefeito.
Acusados de serem os mandantes do crime hediondo (assassinar professor em país de analfabeto, se não é considerado crime hediondo, deveria ser) o grupo chegou a ser preso.
Em junho de 2011, durante mais de uma semana, o então juiz de Porto Seguro Roberto Costa Freitas ouviu as testemunhas do caso e os quatro acusados setenciando os réus a júri popular por homicídio qualificado. O soldado da PM, conhecido como Caveirinha, foi absolvido.

Três anos já se passaram e até hoje a data do julgamento dos réus não foi determinada pela justiça. São três anos de impunidade. E uma pergunta fica parada no ar: “Será que o sangue de Álvaro e Erisney foi derramado em vão na Terra Mãe do Brasil?”. E mais: “Quem financiou a emboscada macabra e, por conseguinte, foi o verdadeiro mandante do crime?”.
As famílias dos professores assassinados, seus amigos, colegas, e toda a sociedade baiana, querem respostas para estas perguntas. É dever da justiça respondê-las. Porto Seguro, o berço do Brasil, não pode entrar para a história do país como a terra da impunidade. A terra onde se matam professores e fica tudo por isso mesmo.

Além de liderar uma greve da categoria que já durava quase um mês, Álvaro fazia denúncias contundentes de desvio de dinheiro da educação no governo Abade. Em carta enviada a um professor que estava morando fora do país, o sindicalista contou que estava sendo ameaçado de morte e revelou com todas as letras que se acontecesse alguma coisa ele o responsável seria o gestor do município. Encerramos a matéria com esta frase memorável do mártir da educação: “Só vão me calar se me matarem”. Eles conseguiram, eles calaram a voz de Álvaro. E o pior é que nós não abrimos a boca.
Fonte: Bahia Dia Dia 

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